sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Marcelo #:

Enquanto eu olhava os pingos d'água frios e solitários que se arrastavam pela janela do ônibus eu ia cada vez mais pensando - alguns pensamentos imaturos, infantis e coloridos demais mas não importa. Marcelo estava á poucos bancos atrás de mim com um celular na mão e os fones nos ouvidos; os seus olhos azuis claros indescritíveis ás vezes segurando também o meu olhar, mas nós nem sequer nos falamos. Marcelo e eu éramos grande amigos, talvez até tínhamos uma pequena paixonite um pelo outro naquela época. Sua mãe dirigia uma kombie branca e grande onde carregava mais dez alunos além de mim; nos víamos quase todos os dias e mesmo com uma grande diferença de idade até conversávamos bastante. Mas um dia crescemos e infelizmente nunca mais nos vimos - mesmo morando na mesma cidade pequena e verde. Um dia, minha avó me contou que havia encontrado com ele em uma farmácia e ele havia perguntado sobre mim - acredite, eu havia ficado bem surpresa, afinal, nem me lembrava muito bem dele; mas sim, ele lembrava de mim. Dias se passaram e todas as terças eu encontrava com sua mãe na acadêmia segurando-me para não perguntar sobre ele - você sabe, nem sempre as pessoas entendem as coisas do modo certo, elas sempre vão entender do modo que preferem. Até que hoje quando eu voltava da casa da minha avó eu o encontrei ali sentado não tão longe de mim no ônibus usando uma camisa rosada e bermudas jeans; eu o encarei por segundos rápidos fazendo-o me olhar também e depois me sentei ao lado da minha irmã. A viagem continuou e no fim, nós não nos falamos. Certo, onde eu quero chegar? A verdade é que, por mais que as pessoas sumam e você deixe de pensar nelas, elas sempre estarão guardadas em você, como machucados fechados preparados para se abrirem novamente. Nós nunca nos esquecemos, só deixamos de nos lembrar, é só isso.

Um comentário:

Unknown disse...

você falou tudo; nós nunca esquecemos, é a mais pura verdade.